quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O Lápis


Era daquela marca bonita, que todos gostam, era um 6B com um toque de 9H. Grafite negro como o céu sem estrela. 17,2 cm. Cor de madeira com uma borracha rosadinha na ponta, envolta por um anelzinho dourado.
Era feliz sendo Lápis. Fazia grandes coisas: desenhos, rabiscos, cartas de saudade, de amor, bilhetes na geladeira... Era feliz sendo Lápis. Às vezes judiavam dele um pouco, deixavam de usá-lo e traziam o apontador, que fazia com que o Lápis sofresse - pobre Lápis - mas isso só deixava ele cada vez mais afiado. Aquele Lápis... Sabia suportar grandes dores e transformá-las em coisas lindas depois. Sempre que errava, tinha sua borrachinha para corrigir. Bastavam duas, três esfregadinhas da direita pra esquerda e da esquerda pra direita e tudo o que tinha dado errado já não estava mais lá. E era só começar tudo de novo! Sorte de Lápis, eu diria.
Com o passar do tempo ele estava ficando pequeno, e feinho por fora, com a madeira já meio descascada, a borracha já no finzinho. Mas o Lápis ainda tinha grafite, e era o grafite que formava o Lápis, que fazia do Lápis um Lápis.
Um dia o Lápis acabou, foi usado inteirinho, até não restar nem um pozinho para continuar a história. Mas o importante foi que o Lápis deixou sua marca, sua história, suas verdades. E foi isso que importou pra ele, que ele foi um Lápis feliz.

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