quinta-feira, 31 de março de 2011

Rapidinhas


- Bom dia.
- Ahn... Ah... Bom dia.
- Dormiu bem?
- Uhun, e você?
- Também... Escuta, eu saio em 10 minutos.
- Tá.
- Quer tomar um banho?
- Ahn... Não... Obrigada.
- Tá, eu já tomei, vou me trocar.
- Ahan.
- Café? Torrada? Fruta?
- Café.
- Aqui.
- Obrigada.
- Você quer que eu te deixe em algum lugar?
- Não precisa.
- Eu não me importo.
- Eu moro perto.
- Ah...
- É...
- Bom, já pegou tudo o que é seu? Não esqueceu nada?
- Não.
- Então tá. Chama o elevador por favor?
- Uhun.
- Bom, te ligo  mais tarde.
- Ok.
- Mas se quiser, qualquer coisa me liga.
- Ahan.  Até mais tarde.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Como diria Bukowski



Não sou uma pessoa interessante, dá muito trabalho.
Então pára de perder seu tempinho precioso, que você nem tinha antes, e não me mande as indiretinhas por mensagens ou subliminares na rua, ou pior, ficar fazendo as fofoquinhas das quais você dizia ter nojo.
Me deixa fora das suas intrigas.
Pode me deixar em paz que eu já entendi o recado.
Meu status agora é: felicíssima.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Pra sempre?



Acordei com aquela vontade de dormir mais, como sempre. Tomei o café da manhã, o mesmo que sempre tomo. Arrumei as camas, tirei as roupas secas do varal, lavei a louça de ontem e de hoje de manhã, abri as janelas, e saí com o cachorro pra passear, como sempre. Voltei, me troquei e fui pra academia, fiz os vinte minutos de bicicleta e fingi fazer as abdominais de sempre. Tomei banho, arrumei minha bolsa que uso sempre, saí e peguei o ônibus do mesmo horário sempre. Cheguei, trabalhei, saí, almocei, pedi o de sempre, sentei na mesa que sempre sento. Fui pra aula, encontrei pessoas, sempre as mesmas, saí, peguei o ônibus, cheguei na minha casa, que eu moro desde sempre. Jantei, vi TV, a programação de sempre, tomei banho, deitei. Dormi.
Quem foi que disse que nada é pra sempre?

quarta-feira, 9 de março de 2011

morta em seus olhos



Hoje trocamos os primeiros olhares. Eu não me vi mais lá. Nem em lugar algum. Essa noite há um silêncio no ar. Há um segredo atrás de tudo isso. Chega de segredos? Há uma distância entre seus olhos e os meus. Não vamos atravessar essa linha. Não queremos mais atravessar essa linha. Estamos bem aqui. Há milhões de coisas que eu não quero saber. Há milhões de coisas que você não deve saber. Eu olho pra você. Acabei de morrer nos seus olhos. Da janela só vi, o fim entre você e eu. Isso não é mais sobre o certo e o errado. Eu vou embora.