domingo, 27 de fevereiro de 2011

A tristeza dos outros

- Oi.
- Oi.
- Nossa, que cara é essa?
- A de sempre.
- Credo... Tá de mau humor?
- Nem tô...
- Não parece.
- Me deixa... Que saco.
- Tá, só quis saber...
- Tá tudo bem.
- Mesmo?
- É. Mesmo.
- Então tá.
- É só que... Ah! Deixa pra lá.
- Deixa o quê?
- Não me ligou.
- Ainda nessa?
- Tá vendo, por isso que não te conto. Você não compartilha da minha tristeza.
- Não?
- Não.
- Tá.
- Só que de qualquer forma, ele não ligou.
- E você?
- Eu o quê?
- Ligou?
- Claro que não.
- Por quê?
- Ele que ligue se quiser ligar.
- Você é sempre assim?
- Assim como?
- Inflexível.
- Não sou inflexível.
- Tá...
- Me deixa...
- Tá...
- Mas ele que ligue.
- Você tá triste porque ele não ligou?
- Claro que eu to triste por causa disso. Eu gosto dele, ele gosta de mim, então ele devia me ligar.
- Se você gosta, liga.
- Não quero e ponto. Vamos mudar de assunto.
- Ok, liga a tevê aí...
- Tá.
(...)
- Que mania ridícula essa sua de se intrometer na tristeza alheia.
- Eu sei.

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